quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Exposição aborda fotografia produzida com outros sentidos



Foto Simone Diacoli

No próximo sábado, 30 de janeiro, será aberta a exposição “O outro olhar: fotografia com o corpo e seus sentidos”, no SESC Pinheiros, em São Paulo, Capital, sob a coordenação da pesquisadora Míriam Cris Carlos e do fotógrafo e jornalista Werinton Kermes. A exposição é resultado da oficina coordenada pelos sorocabanos, ocorrida neste mês de janeiro, também no SESC Pinheiros, e conta com fotografias dos participantes, no tamanho 50 X 60 cm.
A oficina, inicialmente, teria como público-alvo deficientes visuais, a exemplo de outras experiências realizadas por Kermes e Miriam Cris Carlos, em Sorocaba e em Belém (PA). O SESC, após pesquisa realizada pelos animadores culturais, percebeu que o trabalho dos sorocabanos era pioneiro. Após a realização da primeira experiência com fotografia para deficientes visuais, realizada por ambos a partir de 2002, houve inúmeros outros exemplos espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Hoje, segundo Míriam Cris Carlos, já há exposições fotográficas com trabalhos feitos por deficientes visuais nos Estados Unidos e até uma curiosa máquina fotográfica, criada por um designer chinês, que registra, além de imagens, sons.
Para a experiência no SESC Pinheiros, Míriam e Werinton precisaram desenvolver o trabalho como um novo desafio, já que houve não apenas a participação de deficientes visuais, mas também de videntes (pessoas que enxergam), interessadas em entender o universo do deficiente visual. “Nos deparamos com um grande número de inscritos sem deficiência visual, o que para nós foi uma grata surpresa. Eram professores, pedagogos, profissionais das artes, da fotografia e do design. A partir disso, o nosso trabalho foi incluir aqueles que enxergam no universo do deficiente visual”.
Werinton Kermes explica que os olhos dos participantes foram vendados e aos poucos foram introduzidas técnicas de produção fotográfica, sempre com os participantes operando a câmera sem enxergar. “Eles se guiaram pelo tato, olfato e até pelo paladar”, explica Kermes.
Segundo Míriam Cris Carlos, o resultado surpreendeu. “As imagens são quase sempre metonímicas, não icônicas, ou seja, são recortes, indícios de um objeto, por meio do cheiro, do som, do tato. Uma das fotos que achei mais interessante foi a produzida por uma participante que se guiou pelo som de um helicóptero para fotografar. Há algumas cujo enquadramento é tão perfeito que é difícil acreditar que foram produzidas por alguém que não estava usando os olhos”.
Graças ao grande número de participantes sem deficiência visual, segundo Kermes, a oficina tornou-se um laboratório para a exploração dos outros sentidos, muitas vezes embotados pelo excesso de visualidade que nos cerca.

A exposição tem a abertura a partir das 15h do próximo sábado e segue por dez dias, aberta ao público.


Endereço
Rua Paes Leme, 195
Pinheiros
São Paulo – SP
segundo andar sala de leitura

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