sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Carnaval sorocabano é tema de exposição que traz fotos inéditas de Rogich Vieira

Exposição, que abre amanhã, conta com 40 fotos do acervo do artista das décadas de 1950 e 60




Quarenta imagens inéditas do fotógrafo Rogich Vieira estão na exposição que abre amanhã, sexta-feira, na Biblioteca Municipal de Sorocaba (Alto da Boa Vista). As fotografias registram os carnavais em Sorocaba entre as décadas de 1950 a 1960 e fazem parte do acervo doado pelo artista ao Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba (IHGGS). O evento faz parte da programação de Carnaval do município.

De acordo com o diretor da Biblioteca Infantil, Rubens Incao – também responsável pela seleção das imagens e profundo conhecedor da obra de Rogich – o público irá conhecer mais do que a festa do Carnaval, mas o contexto histórico que marca o momento em que os registros foram feitos: Sorocaba nos anos de 1956 a 1963. “Tentamos fazer um panorama de como era o Carnaval no clube, nas ruas, as fantasias...”, descata Incao, lembrando que o trabalho foi realizado em parceria com o diretor da Biblioteca Municipal de Sorocaba, Gilberto Camargo Antunes.

Nestas fotografias, além de confetes, serpentinas e a alegria típica das folias momescas, há imagens que dimensionam bem como era à época: os Corsos, que eram os desfiles em carros abertos, e a utilização indiscriminada do Lança-perfume são momentos curiosos registrados pela lente de Rogich.

Para aguçar a curiosidade do público Incao adianta que, na época do Corso, como poucos possuíam carro conversível, a criatividade aflorava e muitos utilizavam caminhões e outros automotivos com carroceria aberta levar a família ao desfile. Esse contraste consta na exposição, bem como imagens que, se feitas hoje poderiam ser penalizadas, pois mostram adultos e até crianças portando Lança-perfume. “O público também vai gostar de ver as fantasias, a simplicidade e a beleza delas”, fala Incao lembrando que, há mais de três décadas de trabalho não se recorda de alguma exposição ter trazido esses registros de Rogich à público, por isso a singularidade do evento.

Para o secretário de cultura do município e também fotógrafo, Werinton Kermes, essa é uma oportunidade de a população conhecer tanto as folias de outros carnavais, como se atentar ao olhar sensível e presente de Rogich, um grande inspirador de Kermes. “Não tem como falar de fotografia sem associá-la a um registro histórico, e não há como falar desse registro em Sorocaba sem mencionar o trabalho incansável, preciso e generoso de Rogich”.

Memória preservada

Incao destaca a importância do trabalho de Rogich, que mais do que fotógrafo foi pesquisador e cronista. Além de retratar a cidade nos mais diversos eventos, dos religiosos aos pagãos, teve a generosidade de, antes de morrer, em 2001, doar seus acervos para instituições locais. Isso, reforça, garantiu a existência desses registros e à acessibilidade deles à população. “É muito importante que as pessoas conheçam e saibam que existiu Rogich Vieira, cuja generosidade de reunir muito material e doá-los nos possibilita conhecer melhor nossa cidade e aspectos de como era nosso Carnaval, não apenas como festa, mas como acontecimento social nesse registro histórico da época”, elogia.

Rogich Vieira

Como conta Incao, Rogich nasceu em Sorocaba, se tornou foto repórter e registrou em mais de 20 anos eventos sociais e cívicos da cidade. Ingressou na Academia da Polícia Militar, como repórter fotográfico criminalista e foi grande companheiro de Aluísio de Almeida, que passava a ele seus manuscritos, que ele datilografa e mandava para os jornais. A partir disso passa a colecionar esses textos e pesquisar a história, atuando ainda como repórter criminal.

Pela paixão pela pesquisa, caligrafia, foi responsável em organizar o Museu de Criminalística da Academia de Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Também ministrou muitos cursos e atuou como cronista, e mantinha a coluna Um dia como hoje, no jornal Cruzeiro do Sul, onde sempre destacava uma efeméride ligada à história de Sorocaba.
Rogich ainda é autor de vários romances inéditos e já publicados, como A Princesa dos Tropeiros, eIguatemi, a Maldita. Publicou ainda o livro Sorocaba Não Esperou o 13 de Maio, que narra a libertação de todos os escravos da cidade em 1887, um ano antes da Lei Áurea. Também foi fundador do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba (IHGGS), onde, dentre outras coisas, participou da formação do Museu da Imagem e do Som de Sorocaba, para o qual doou 200 mil negativos de seu acervo particular, que abrangem trinta anos de história da cidade. Foi pesquisador paleográfico do Museu Histórico Sorocabano e titular da cadeira D"Abreu Medeiros da Academia Sorocabana de Letras desde 1980.

Serviço: A exposição abre ao público na sexta-feira e segue na Biblioteca Municipal das 8h às 17h. A entrada é gratuita. A Biblioteca fica na rua Ministro Coqueijo Costa, 180, Alto da Boa Vista.


 ANRMS


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