quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Werinton Kermes diz que Cultura apoiará o Carnaval

Jornal Cruzeiro do Sul
Felipe Shikama 


Com o orçamento de R$ 18,6 mi, novo secretário diz que lançará programa cultural em 10 dias - ERICK PINHEIRO


Com desafio de por em prática promessas para a área da cultura feitas por José Crespo (DEM) durante campanha eleitoral, o jornalista, documentarista e produtor cultural Werinton Kermes assume o comando da Secretaria de Cultura (Secult) com discurso cauteloso diante de um orçamento total de R$ 18,6 milhões que terá a disposição em 2017. Mesmo diante das dificuldades econômicas, ele garante que a pasta dará apoio na realização do Desfile das Escolas de Samba e dentro de 10 dias lançará o programa "Arrastão Cultural", que vai levar espetáculos e oficinas de arte aos bairros da periferia da cidade.


Para contornar a baixa capacidade de investimentos da secretaria (atualmente 26% da receita é comprometida com folha de pagamento e outros 68,9% em despesas de custeio), Kermes defende parcerias com a iniciativa privada e assinala que as ações e projetos a curto prazo serão realizados com menos dinheiro e mais "vontade política". Essa expressão, aliás, foi usada com frequência pelo novo secretário em entrevista concedida ontem de manhã ao Mais Cruzeiro, na Biblioteca Infantil Renato Sêneca de Sá Fleury, no Centro. Acompanhado do secretário de Comunicação e Eventos, Eloy de Oliveira, Kermes admitiu não saber quantos funcionários integram em sua equipe, já que muitos, segundo ele, estão lotados em outras secretarias ou teriam pedido transferência por se sentirem "desestimulados". "Estou reconquistando isso, porque sinto que o meu nome deu uma esperança. Eles querem executar e querem ser ouvidos. Quando a pessoa fica ociosa ela perde o estímulo", afirma.

Sem dar detalhes sobre as principais ações que a Secult pretende desenvolver nos próximos quatro anos, Kermes garantiu que o Carnaval de rua terá apoio da Prefeitura de Sorocaba e o edital da Lei de Incentivo à Cultura (Linc) será publicado ainda no primeiro semestre. Segundo Kermes, mesmo que por razões legais as escolas de samba estejam impedidas de receber repasses financeiros para confecção de fantasias e alegorias, a Prefeitura garantirá ao menos o apoio estrutural do desfile das agremiações carnavalescas, como equipamentos de som, montagem de gradis e instalação de banheiros. O local dos desfiles ainda será discutido com representantes das escolas de samba, em reunião que deve ocorrer na semana que vem. "Vai ser mais modesto, porque o governo anterior não deixou verba no orçamento [para o Carnaval], mas a gente já começa a trabalhar pensando no Carnaval de 2018", diz.

De acordo com o novo secretário, até o dia 13 (sexta-feira), a Secult divulgará uma programação com 150 ações culturais que serão realizadas no primeiro trimestre, sendo a maioria integrante do projeto Arrastão Cultural, que levará espetáculos e oficinas artísticas para os bairros periféricos, aos finais de semana. "Dinheiro é importante, mas não é tudo. Dá para fazer um sarau literário ou chorinho no Mercado Municipal sem precisar de grandes fortunas. Só depende de vontade política. É claro que não serão apenas eventos pontuais, mas é isso que dá vida para cultura, é o que alimenta a alma", defende.

Paralelamente aos eventos pontuais, Kermes destaca que a prioridade de sua gestão será a formação de público de maneira descentralizada e defende a "inversão de lógica" do Núcleo de Formação Cultural, criado durante a gestão da ex-secretária Jaqueline Gomes da Silva com intuito de oferecer cursos específicos para artistas e produtores culturais. "Se o núcleo estiver mesmo já formado, está na hora de mostrar para que veio. Entendo que a Secretaria de Cultura precisa ser um parceiro dos produtores culturais, um facilitador, e não a solução da vida dessas pessoas. Essa é uma lógica que precisa ser invertida", complementa.

O novo secretário reconhece o Conselho Municipal de Cultura como uma "conquista" da gestão anterior e afirma que ele terá papel importante no auxílio da elaboração de políticas públicas do setor. A ideia de Kermes é que os membros do conselho atuem uma espécie de "ombudsman", apontando as falhas e sugestões que ajudem a aperfeiçoar as ações realizadas pela Secult.

Entre as promessas feitas pelo então candidato José Crespo na corrida eleitoral de 2016 está a criação de outros instrumentos de valorização das criações artísticas, como leis de incentivo para setores específicos como, por exemplo, literatura, música e audiovisual. Segundo Kermes, o assunto "está na pauta" da Secult e deverá ser discutido juntamente com um projeto de lei que pretende regulamentar o Fundo Municipal de Cultura (PMC). "Não dá para ficar filosofando. A gente tem que ir para prática e mudar o que tem que ser mudado. Pode ser que não dê certo, mas foi tentado. O que não dá é para ser omisso".

Outra promessa defendida por Crespo durante a campanha foi o programa Cidade da Cultura, que funcionaria nas antigas oficinas da Fepasa, transformando os o local em centro de convenções, teatro e oficinas culturais. Kermes comenta que a iniciativa dependerá de uma "força tarefa do governo", já que a Prefeitura ainda precisa negociar o uso da área, cuja concessão pertence à empresa Rumo - América Latina Logística (ALL).



Nenhum comentário: