domingo, 3 de abril de 2016

Landa Lopes: uma artista multimídia e pioneira

Jornal Cruzeiro do Sul
Felipe Shikama

Landa Lopes nasceu artista. Desta forma, o respeitado contista e romancista paulistano Afonso Schmidt (1890-1964) iniciou o texto de apresentação do livro de poemas As quatro volúpias, que marcava a estreia de Landa no mundo da literatura, em 1952. A capa da obra, ilustrada com uma foto da própria autora de biquíni, na beira da praia, escandalizou a sociedade da época tanto quanto os seus versos, de características simbolistas, que falavam de borboletas e sol da manhã para traduzir o mundo e o amor sublime. De acordo com Geraldo Bonadio, presidente da Academia Sorocaba de Letras (ASL), da qual Landa fez parte, a primeira edição de As quatro volúpias esgotou-se em apenas 50 dias.

Nascida em Mairinque em 10 de junho de em 1919 e radicada em Sorocaba -- quando seu pai fôra transferido para trabalhar na Estrada de Ferro Sorocabana (EFS) --, Landa Lopes viveu uma vida inteira dedicada à arte e foi uma artista multifacetada, completa e pioneira, na definição do jornalista e documentarista Werinton Kermes. "A Landa era uma verdadeira artista multimídia. Foi atriz, cantora, compositora, escritora, roteirista, artista plástica, jornalista, produtora cultural", elenca.

Consciente da relevância cultural daquela personagem de estatura baixa e de grandes olhos azuis, que já com idade avançada fazia questão de abrir as portas de sua casa no Central Parque para acolher e incentivar jovens artistas, Kermes dirigiu em 1992 um documentário biográfico intitulado A dama da sétima arte. Realizado com patrocínio da extinta Delegacia Regional de Cultura, Assec, Senac e Fundec, o filme de 30 minutos de duração circulou pelo Brasil em vários festivais, antes da morte de Landa, em 24 de novembro de 2006.

Com o objetivo de manter viva a obra de Landa e apresentá-la às novas gerações, Werinton resolveu publicar na semana passada o filme na íntegra no Youtube (o link encurtado é goo.gl/XmKkCk). Este rico e raro registro da artista, que para Kermes tem "qualidade precária" em virtude dos equipamentos disponíveis na época, também deverá ser exibido em novembro dentro de uma programação especial da Biblioteca Infantil Municipal, coordenada pelo pesquisador José Rubens Incao. Segundo ele, a ideia é marcar os 10 anos da morte da artista e antecipar a celebração de 90 anos de nascimento com uma grande exposição com filmes, poemas, músicas e telas produzidas por Landa Lopes.



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